300 ANOS DE HISTÓRIA 1711-2011

História de Vera Cruz de Minas

           O povoado de Vera Cruz de Minas, um dos atuais distritos de Pedro Leopoldo, é muito mais antigo do que a cidade que pertence. Enquanto Pedro Leopoldo surgiu na década de 1890, a região de Vera Cruz já era povoada desde a década de 1710, no alvorecer do século XVIII. Em seus quase trezentos anos dae existência,Vera Cruz de Minas teve três nomes diferentes[1].

Nos primeiros duzentos anos,de 1710 até 1900, era conhecida pelo nome de Pindaíbas. Em dezembro de 1873,a lei Provincial n.2041 elevou a povoação à situação de distrito de Pindaíbas,pertencente ao município de Sabará.Essa mudança de status refletia o fato de que a localidade havia,então,adquirido relativa importância. Em abril de 1900, nova lei alterou o nome da localidade para Vera Cruz,mas ela permaneceu vinculada a Sabará.Em agosto de 1911, a lei Estadual n. 556 criou o município de Contagem e Vera Cruz tornou-se um de seus distritos.

           Em 1923,com a emancipação política de Pedro Leopoldo,Vera Cruz deixou de pertencer a Contagem e tornou-se distrito do recém-criado município,situação que perdura ate hoje. Porém,em dezembro de 1943,o decreto da lei n.1.058 alterou o nome do povoado de Vera Cruz  para Pindaré. Dezenove anos depois , a lei n.2.764 de dezembro de 1962,alterou novamente o nome do distrito para Vera Cruz de Minas.

Por volta de 1711, havia grandes propriedades dedicadas a produção mercantil de alimentos na entorno de Vera Cruz. Um exemplo era a sesmaria de José Rodrigues Betim (entre o rio Paraopeba e a estrada que ia de Ribeirão das Abóboras, situado em território hoje pertencente a esmeralda). Outro era a sesmaria do capitão João Souza Souto Maior (no sítio das Abóboras, em Contagem). Havia ainda a fazenda do mestre de campo Jacinto Bessa da Costa (onde havia a capela de Nossa Senhora das Neves, que deu origem a pequeno povoado) e a fazenda do Sobrado, pertencente  a Dona Mariana Joaquina da Costa. Ao lado dessas unidades produtivas escravistas, havia muitas propriedades camponesas. A produção da área era escoada por tropeiros principalmente para o mercado de Sabará.

            Em meados do século XVIII, a poucas léguas de distância de Pindaíbas ficavam Venda Nova,Curral D`el Rei (hoje Belo Horizonte), São Gonçalo de Contagem das Abóboras(hoje Contagem),Capela Nova Betim (hoje Betim), Santa Quitéria(hoje Esmeralda)e Arraial do Capão(hoje Vespasiano). Em todas essas povoações ,os negócios de gado geravam as maiores fortunas locais.

            Por volta de 1860, as principais fazendas situadas em áreas vizinhas ao povoado de Pindaíbas eram a do Casado, a do Sobrado, a do Quilombo, a do Bananal e a do Açafrão. A Fazenda do Quilombo media mais de 500 alqueires de terras. Seu proprietário, Teodoro Barbosa da Silva, possuía mais de uma centena de escravos, os quais plantavam lavouras de cana e fabricavam aguardente, alem de criarem gado. Outros grandes fazendeiros da região eram os irmãos Antonio Alves Ferreira da Silva e Tiburcio Alves Ferreira da Silva. Suas terras, com  mais de vinte léguas quadradas, abrangiam áreas dos atuais municípios de Pará de Minas e Esmeraldas, terminando próximo aos limites da Fazenda do Quilombo. Os dois irmãos possuíam plantações de cana, engenhos que fabricavam açúcar, alambiques para fabricação de cachaça e criavam gado. Sua escravaria era de cinqüenta cativos[2].

           Em 1870, Pindaíbas pertencia a Paróquia de Curral D’el Rei. Sua Igreja do Rosário não possuía padre responsável. Mas a Capela de Nossa Senhora das Neves, situada na Fazenda do Capitão Jose Luis de Andrade, a poucos quilômetros de Pindaíbas, era dirigida, nessa época, pelo padre José Maria de Andrade. Como as demais povoações mineiras, Pindaíbas ficava movimentada nos domingos e dias santos, ocasiões em que os moradores das fazendas e sítios ocorriam para acompanhar novenas, missas, procisoes e festas religiosas, como a Festa do Rosário, tradição de aproximadamente duzentos anos em Vera Cruz.

           Até ao final do séc. XIX, o povoado de Pindaíbas conservou certa tradição de autonomia econômica e social, uma vez que ficava relativamente distante de núcleos urbanos mais avantajados (Sabará e Ouro Preto). A localidade tinha seu próprio ritimo de vida, seus hábitos, suas festas, suas canções, seu jeito de falar que não era necessariamente igual aos dos vilarejos e cidades vizinhas[3]. Havia trocas comerciais com outros lugares, mas, do exterior Vera Cruz tomava apenas o indispensável, mantinha suas reservas e não se abria totalmente. Provas disso era o fato de que seus moradores dificilmente viajavam e geralmente casavam entre si.

            Essa situação, todavia, iria mudar radicalmente com a construção da nova capital de Minas Gerais (Belo Horizonte) e com o crescimento da cidade de Pedro Leopoldo. Bastante próximas do velho povoado, as duas cidades começaram a absorver a produção agropecuária e atrair muitos de seus trabalhadores jovens, provocando a decadência dos estabelecimentos comerciais na localidade.

           Esse movimento não ocorreu, contudo, de uma hora para outra. Até a década de 1940, Vera Cruz manteve certo dinamismo e  “independência”. No setor agropecuário, as principais atividades eram, na primeira metade do século XX, o cultivo de milho, feijão, arroz e cana de açúcar, a criação de gado (de leite e de corte) e porcos. Com técnicas tradicionais, eram fabricados na localidade açúcar, rapadura, fubá, farinha de mandioca e cachaça. As maiores fazendas empregavam a maior parte da produção de Vera Cruz. Nos seus quintais, as famílias de Vera Cruz plantavam e criavam animais, garantindo, assim, boa parte de seu abastecimento. O excedente da produção domestica era comercializado em Belo Horizonte, produzindo pequenos rendimentos em dinheiro, compensando, em parte, os baixos salários recebidos nas fazendas. A renda das famílias, por sua vez, sustentava o giro do comércio local.

            As principais casas comerciais instaladas em Vera Cruz em meados do séc. XX, eram os estabelecimentos de João Vieira Valadares, José Salomão ( o “Zé Turco) e Joaquim Antonio Costa ( o “Quincas”). Típicos armazéns de secos e molhados. Negociavam fazendas (tecidos), conservas, bebidas, cigarros, sabão, papel, balas e doces, utensílios domésticos, sal, vassoura, querosene, instrumentos agrícolas etc. Até a década de 1940 faziam compras em Vera Cruz os moradores do Sobrado, Maravilhas, Tapera, Ribeirão das Neves e até mesmo do Matuto (Santo Antonio da Barra). O Distrito possuía, nos anos de 1940, posto de Correio, Telefônico e Posto Policial.

            A tabela seguinte mostra que a época do auge do comercio de Vera Cruz foi o período entre os anos de 1935 e 1945.

 

COMÉRCIO EM VERA CRUZ DE MINAS

 

Tipos de estabelecimento

1930/1931

1936

1941

1946/1947

Armazéns

04

03

04

07

Açougues

-

03

04

02

Barbearias

01

02

04

01

Ferrarias

-

01

01

-

Oficinas de Consertos

-

01

01

-

Farmácia

-

-

01

02

Bomba de Gasolina

01

01

01

-

Fonte: Livros de Lançamento de impostos de Industrias e Profissões

Arquivo da Prefeitura Municipal de Pedro Leopoldo

 

 

           Favorecendo o dinamismo econômico de Vera Cruz nesse período, cujo reflexo podia ser visto no porte de seu comercio, havia o fato de que a localidade era atravessada pela estrada de rodagem que ligava Curvelo, Sete Lagoas, Pedro Leopoldo e Belo Horizonte. O trecho Pedro Leopoldo-Belo Horizonte, que teve sua construção iniciada em 1928, passava por Vera Cruz e pela Serra das Aroeiras. Dessa forma muitos automóveis e caminhões, que transitavam nas cidades do norte de Minas e a Capital, faziam paradas, ainda que rápidas, no Distrito.

            Entre as décadas de 1930 e 1950, diversas mudanças econômicas provocaram o enfraquecimento da economia de Vera Cruz e retiraram gradativamente sua relativa autonomia. Em primeiro lugar, muitas grandes e médias fazendas, situadas no Distrito, foram bastante subdivididas por motivo de herança. Quando morriam os donos, as fazendas eram parceladas em diversos filhos, resultado desse processo propriedades menores que, geralmente, deixavam de ser tão produtivas como antes. Isso ocorreu, por exemplo, com as antigas fazendas do Casado e do Bananal[4]. Ainda com relação as fazendas, é preciso mencionar que elas sofreram alteração na sua destinação produtiva. A partir dos anos de 1940, a expansão de Belo Horizonte tornou muito atraente para os fazendeiros da região dedicarem suas terras a produção de leite, fato que gerou a multiplicação das cooperativas leiteiras. Dessa forma, as lavouras tradicionais—que ocupavam mão de obra expressiva nas tarefas de plantio, tratos culturais e colheitas—foram substituídas pelos rebanhos, cuja lida exigia menor numero de trabalhadores. Combinados, o parcelamento das terras e a expansão da pecuária leiteria provocaram a diminuição, ano após ano, da quantidade de pessoas empregadas nas fazendas de Vera Cruz. Por conseguinte, os homens, especialmente os mais jovens, tiveram que procurar a partir de fins dos anos de 1950, trabalho fora do Distrito. Vera Cruz passou a perder gente que ia trabalhar nas Fábricas de Pedro Leopoldo e Belo Horizonte, cidades próximas que receberam grandes industrias na década de 1950.

           O comércio de Vera Cruz logo acusou o golpe, ainda mais porque, para escoar a produção cimenteira de Pedro Leopoldo, o governo do Estado construiu nos anos de 1950, uma nova estrada asfaltada para Belo Horizonte. Desde então a velha estrada que passava por Vera Cruz caiu em desuso, prejudicando o povoado e seus comerciantes. As “vendas” começaram a fechar, o que diminuiu ainda mais a capacidade de Vera Cruz oferecer emprego para seus jovens. A melhoria do transporte coletivo para o Distrito e a sede municipal, ocorrida a partir dos anos de 1970, acabou subordinando definitivamente, a vida econômica e social de Vera Cruz, aos padrões e ritmos da cidade. Hoje, para trabalhar, para comprar, para estudar, para se divertir, para tratar da saúde, para viajar, enfim, para quase tudo os habitantes de Vera Cruz dependem de Pedro Leopoldo. De povoado bastante autônomo, na primeira metade do século XX, Vera Cruz tornou-se inteiramente subordinado a Pedro Leopoldo. Mudanças que é experimentada pelos mais jovens não sem mal estar. O Distrito não  é mais um típico vilarejo rural, mas também não é um bairro de Pedro Leopoldo. A juventude tem sonhos que só a cidade pode realizar, entretanto, continua morando no lugar que ainda lembra em muitas coisas a roça...

 

Fonte: MARTINS, Marcos Lobato. Pedro Leopoldo : uma memória histórica. 2ª ed. Pedro Leopoldo: Grafia Tavares, 2006. 66-70 pag.

 

3.O Cartório

 

O Cartório de Notas e Registro de Pessoas Naturais de Vera Cruz também faz parte da história do tricentenário Distrito. Com o primeiro registro datado em 1896, época que a Villa de Pindaíbas (hoje Vera Cruz de Minas), pertencia a Sabará, é um dos mais antigos Cartórios da região. Nele, gente de vários vilarejos da regiao faziam seus registros de nascimento, óbito, escrituras e procurações, pois a sua jurisdição se estendia a uma enorme área da regiao metropolitana de Belo Horizonte. Aglomerava Neves, parte de Vespasiano, Vera Cruz e parte de Pedro Leopoldo. Uma das partes interessantes do Cartório são os registros de pessoas vindas da Itália, que se fixaram em cidades como Ribeirão das Neves, e tinham que fazer seu registro no Cartório de Vera Cruz.

           O Cartório de Vera Cruz acompanhou as mudanças históricas do Distrito, e é uma grande fonte histórica e de recordação. Depois de ficar por mais de cem anos em poder de famílias, hoje o Cartório de Vera Cruz é regido pelo Tabelião Fortunato José da Cunha Pinto, que reside em Belo Horizonte mas que tem muito prazer em trabalhar em Vera Cruz e ter em responsabilidade uma entidade tão importante para a comunidade como é o Cartório. E como juiz de Paz, temos o Sr. Geraldo José da Costa, que é uma figura querida na comunidade pela sua importância e trabalho exercida na mesma.

 

A Fundação José Hilário de Souza.

 

           A Fundação José Hilário de Souza nasceu do sonho de um grande empreendedor, o seu fundador que dá nome a própria Instituição, o Sr. José Hilário de Souza. Construí em Vera Cruz de Minas uma enorme edificação, inimaginável para muitos e incomparável com qualquer Instituição da cidade. Seu sonho era dar uma melhor oportunidade para crianças e jovens carentes da comunidade, assim como para idosos.

           Hoje, a Fundação encontra-se ativa, com apoio de muitos doadores e colaboradores, e mantém a Casa Lar, que é um abrigo para menores em situação de risco; a Creche comunitária que é uma creche que dá todo o suporte para as crianças da comunidade que lá ficarem durante o dia, enquanto os pais trabalham; além da EIC (Escola de Informática e Cidadania), em parceria com o CDI (Comitê para Democratização da Informática) oferecendo cursos de Informática que vão desde o básico até avançado, como montagem e manutenção e softwares mais avançados, como corel draw e criação de sites.

 

A Associação dos Moradores do Distrito de Vera Cruz de Minas

 

           A Associação dos Moradores do Distrito de Vera Cruz de Minas nasceu no auge da redemocratização do pais, em que os jovens tinham todo o vigor político com o intuito de dar melhor qualidade de vida a seus concidadãos. Fundada em 1986, tendo sede própria, sempre foi o braço a comunidade em suas reivindicações e propostas. Muita coisa já conseguiu para a comunidade, mas sabe que muita coisa ainda há de ser conquistada.

           Por isso, após ficar um certo tempo em inatividade, a Associação volta com força total com sua nova Diretoria, eleita para o mandato de 2009/2011, e busca a reintegração e a união da própria comunidade, mostrando que só com uma comunidade unida e sabedora de seus direitos e deveres é que poderemos melhorar a situação de vida e o status da própria comunidade.

 

Vera Cruz de Minas Hoje

 

           O distrito de Vera Cruz de Minas está a cerca de 12KM do centro da cidade de Pedro Leopoldo e a 12 Km de Ribeirão das Neves, na região metropolitana de Belo Horizonte. Possui uma população aproximada de 4.000 pessoas, e aglomera hoje uma extensa área, que são: O bairro de Quinta das Palmeiras, a Fazenda do Moinho, a Fazenda do Quilombo e demais fazendas ao redor, O bairro Quinta de Vera Cruz próximo ao bairro Santinho em Ribeirão das Neves, o Casado, a Tapera, e o Coqueirinho. Ou seja, uma extensa área que faz divisa com as cidades de São José da Lapa, Ribeirão das Neves, Esmeraldas e a própria Pedro Leopoldo.

              Vera Cruz de Minas também passa por um processo gradativo de evolução. Hoje, já conta com um belo Posto de Saúde e Família, único em toda a região e que seu nome faz homenagem ao saudoso José Soares, comerciante, ex vereador nascido em Vera Cruz de Minas; possui o Cartório em plena atividade; a Fundação José Hilário de Souza; alem do Hotel Fazenda Veredas da Mata, que pela sua beleza e peculiaridades vem se destacando no ramo de lazer na região. Vera Cruz também possui a Escola Estadual Vera Cruz de Minas, de 1ª a 8ª série e a Escola Municipal Cantinho Feliz, que reúne as crianças do Pré Escolar. As Igrejas do Distrito são típicas do período colonial brasileiro, destacando a de Nossa Senhora do Rosário e a de São Sebastião, essa ultima construída por escravos. Nessas Igrejas é que se fazem as festas típicas do Distrito, as quase atraem gente de muitos lugares de toda Minas Gerais. A festa de Nossa Senhora do Rosário, tem a movimentação das guardas congo, o que é uma das mais importantes tradições históricas de Minas. Já na Festa de São Sebastião, a comunidade tem um enorme numero de visitantes, que vem a Vera Cruz para verem a queima de fogos e a missa e procissão, que é muito bonita. Um evento também muito conhecido de Vera Cruz de Minas é o carnaval. Nos quatro dias de Carnaval, o boi da manta anima o Distrito, além do Jogo do Carroção. O jogo do Carroção é uma festividade típica de Vera Cruz, em que moradores da comunidade, de uma lado os atleticanos, e do outro os cruzeirenses, fazem um “duelo” em que os perdedores do jogo tem que passar pela humilhação de conduzirem, puxando uma carroça, os vencedores, que vão em cima da própria carroça.

           Vera Cruz de minas ainda tem muita coisa que precisa ser feita e para isso é preciso uma união entre as forças políticas, sociais e econômicas, não só de Vera Cruz, mas de toda Pedro Leopoldo.

 

 

 



[1] As informações referentes a Vera Cruz foram tiradas de MARTINS, Júnia Maria Lopes; MARTINS, Marcos Lobato. Vera Cruz de Minas: historia de um distrito de Pedro Leopoldo. Pedro Leopoldo: Faculdades Pedro Leopoldo, 2000, Mineo.

2 É  bom lembrar que o Coronel Antonio Alves Da Silva  foi o fundador da Fábrica de Tecidos Cachoeira Grande,  associada as origens da cidade de Pedro Leopoldo.

3 Na primeira metade do século XX haviam quatro festas religiosas em Vera Cruz: a Festa de Nossa Senhora do Rosário, a Festa de São Sebastião, a do Divino Espírito  Santo e a de São José.  As “folias de reis”, em janeiro, e as “festas juninas” eram animadas.

[4] A Fazenda do Casado, em meados do Século XX,  estendia-se das margens do Ribeirão das Neves até a margem da Fazenda das Cobras, nos Matos. Possuía engenho de cana e outro de farinha, três moinhos de fubá, lavouras de milhos, feijão, cana, mandioca e gado.  O Proprietário era Augusto Romualdo de Andrade. A Fazenda do Quilombo, de Teodoro Ribeiro de Oliveira, com mais de 500 alqueires de terra, possuía piladeira de arroz, engenho de cana e alambique e sete retiros cheios de gados de diversas raças.

AMDVCM 2009/2011 Todos os Direitos Reservados

Crie um site grátisWebnode